Ano novo, vida nova. Uma das ideias mais difundidas em todo início de ano. É tão confortável e animador pra maioria saber que não importa o quanto a gente pense no que pode acontecer nos próximos 365 dias, quando chegar no final do ano iremos olhar pra trás e perceber que foi bem diferente. Pior ou melhor, mas diferente. Parece que a nossa imaginação não consegue nos mostrar todos os cantos que a vida pode nos levar. Desenvolvemos uma certa expectativa de novidade. Talvez seja uma prova de que não podemos subestimar as mudanças que acontecem em nossas vidas. E uma coisa é certa: todos nós gostaríamos de algumas mudanças em nossas vidas, se não no mundo.
Ainda assim, quantos de nós se esforçam de fato por essas mudanças? Eu sei, não é fácil simplesmente acordar um dia e mudar a si mesmo, a própria vida ou o mundo. Uma vez alguém disse "Seja a mudança que você quer no mundo.". Muita coisa só há de acontecer com essa iniciativa. Por outro lado, é muito mais cômodo ficar esperando que tudo se resolva por nós. Ficar sentado desprezando a maneira como as coisas são e acontecem. Apontando os dedos pra tudo a nossa volta e desejando mudanças. Eu escrevendo nesse blog também não estou fazendo nada diferente disso.
Muitas vezes as pessoas confundem o significado de esperança. Esperança não é esperar o que você quer acontecer. É saber que se você correr atrás e fizer o possível, há grandes chances de acontecer. Eu sei que nós adoramos garantias. Alguns mais, outros menos. Mas não, com relação a isso não dá pra realmente ter alguma garantia. Tudo o que nos resta é abandonar essa comodidade. Talvez não seja amanhã, mas chegará o dia em que todos precisaremos fazer isso. Não adianta ser um novo ano se nós continuamos a ser os mesmos.
É claro que certas iniciativas causam medo, incerteza. Isso varia de pessoa pra pessoa. Faz parte da nossa comodidade não querer correr riscos. E se quem não estiver disposto a arriscar nada também não puder mudar nada? Há as mudanças que não são possíveis porque não dependem do nosso esforço. Independem de iniciativas, coragem, persistência ou qualquer outra coisa. Há também as mudanças que acabam não acontecendo da maneira que gostaríamos. Mudanças que nos surpreendem. Mudanças que nos decepcionam. Mudanças violentas. Algumas mudanças são inevitáveis e cada um vai aprender a lidar com isso do seu jeito. Essas são as próprias possibilidades que nossa imaginação não alcança.
Talvez não passe de uma questão de aprendizado mesmo. Aprender os próprios limites, aprender os limites dos outros. Aprender a tomar nossas próprias iniciativas, aprender a respeitar as iniciativas dos outros. Aprender a abrir mão de certas coisas pra que outras estejam ao nosso alcance. Quem sabe não aprendemos a ser a mudança que tanto queremos? É um novo ano. E a vida, nova?

Parabéns! Belíssimo texto!
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