O fim de um dia melancólico.
Uma noite nublada rege nossas medíocres vidas
E tudo o que eu gostaria de dizer é que a Lua está lá.
Ainda que não possa vê-la,
Ela está lá.
Há algo por trás daquelas cinzas gigantescas.
Se você perguntar as horas,
Eu sequer tenho um relógio.
Tudo o que eu tenho é uma lanterna.
Portanto,
Não posso garantir que as estrelas estão presentes,
E não posso garantir que se o dia amanhecer ensolarado
Não vamos desejar a chuva de ontem.
Mas mesmo que a cidade esteja dormindo,
Os sinais de trânsito apagados,
E que as frutas estejam caíndo das árvores,
Não chore,
Meu amor.
Não que seja proibido chorar,
Proibido mesmo é desviar o olhar.
Porque pra nós,
O é chuva,
Ou é sol.
Nós sofremos dessa miopia.
Precisamos sentir na pele.
Mas você não,
Meu amor.
Por trás dessa decepção,
Há um conforto de não precisar ver o céu.
Ainda que eu não possa lhe obrigar a gostar dessa noite,
Da minha voz,
Ou guardar o meu nome,
A essa altura
Eu juro que só queria ser um vagalume
Pra te guiar até o nascer do sol.
E se no fim dessa rua
Ele não nascesse
Eu entraria no lugar com o maior prazer,
Só pra você ter o que ver.
E acreditar que há poesias de amor,
Escritas sem o próprio amor,
Mas fixadas por outra coisa qualquer.
Deve ter algo de errado comigo.

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