segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Faça-me um favor

Está em uma posição confortável? Pois então fique. Não, nenhum motivo em especial. Hoje eu farei o mesmo de sempre: escrever em tom de insatisfação com uma pitada do que vocês chamam de pessimismo. Quem me conhece sabe que eu não gosto de promessas. Não gosto de prometer nada e não gosto que me prometam nada. Não gosto nem desse assunto e talvez por isso eu só esteja escrevendo sobre ele agora. Isso porque promessas nunca fizeram muito sentido pra mim. Penso que nós somos capazes de fazer ou pedir que façam promessas apenas por alguns poucos motivos convenientes. Um deles é a inconsequência, quando prometemos sem saber se vamos conseguir cumprir ou até sabendo que não vamos conseguir, apenas tentando mostrar segurança ou legitimidade com relação a alguma coisa sem pensar no que vai acontecer depois. Ainda assim eu acredito que, na maioria das vezes, nos comportamos exatamente ao contrário, isso é, apenas prometemos o que temos certeza de que vamos cumprir.

Se sabemos que vamos cumprir, por que prometer? É claro que há exceções, mas é preciso admitir que isso tudo tem um peso. Um peso que pode cair tanto pro lado da glória quanto pro lado da desgraça. E acho que o meu problema com promessas é causado pela insegurança. É preciso ser uma pessoa segura pra prometer algo, assim como pra acreditar em uma promessa. E sendo sincero, sou seguro com relação a pouquíssimas coisas. Eu não faço promessas por medo de não conseguir cumpri-las. E não gosto que me prometam nada porque não acho que valho o esforço. Não é uma ideia tão difícil assim de compreender.

Outra coisa que eu não gosto é quando perguntam "Você pode fazer um favor pra mim?". Sabe, estamos fazendo favores uns pelos outros frequentemente. Quando precisamos perguntar isso pra alguém é porque é algo que não podemos pedir sem usar a palavra favor. E se precisamos reforçar a ideia de que é um favor, é porque não é algo tão simples ou que a pessoa concordaria em fazer sem mais uma vez colocarmos um peso na situação. Um peso um pouco diferente de uma promessa, é claro, mas não deixa de ser um peso. Por isso eu costumo responder que depende e então muitos me olham assustados com a expressão de "Como assim depende? Por que depende? Tem certeza que depende?" .É claro que depende. Não posso dizer que vou fazer um favor antes mesmo de saber o que é. Ao mesmo tempo, se eu negar sem saber o que é, não estou negando fazer uma coisa, estou negando um favor. Sendo ele simples ou não, negar um favor a alguém que confia em você pra pedir um também não é legal. Aprender a dizer que depende pode ser tão importante quanto aprender a dizer sim ou não. É um talvez mais aceitável.


Um comentário:

  1. Não gosto de prometer também. Ou faço o mais rápido possível ou digo que não vou fazer enumerando as razões para tanto.
    Pedir "Por favor" acho que é a maneira obrigatória de demonstrar uma educação que talvez não se tenha. Quem sabe pedir, não precisa de usar o "Por favor".
    Nem sempre fui assim. Sou com quem merece que eu seja e isto pode se aprender a ser, se quiser, é claro!

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