Todos deveriam ter um lugar pra onde fugir. É um sentimento finito como o ecoar de um sino. Como o exato momento em que um grão de milho torna-se uma pipoca. Que tal aquela fração de segundo em que nossos olhares se encontraram pela primeira vez? A cidade estava iluminada e eu procurava preencher alguns espaços vazios de páginas mal escritas.
Ela disse que gosta de ler sentada em um espaço entre sua cama e o guarda-roupa. E quanto a mim? Bem, eu gosto de observar o vento balançando seus cabelos. Gosto do nosso silêncio tanto quanto da voz dela. Gosto de imaginar seus dedos digitando uma mensagem qualquer no celular. Gosto do barulho que a chuva faz quando bate na janela dela.
É verdade, eu procuro por ela na multidão, nas nuvens, nos espelhos. Eu estou morrendo de medo. Tentar não se apaixonar é como se afogar. Será que ela me acompanharia até o fundo do oceano? É o único lugar pra onde eu deveria fugir. Talvez eu até escreva um romance sobre isso e coloque o nome dela no primeiro capítulo.


Nenhum comentário:
Postar um comentário